Os laboratórios de análises clínicas estão expostos a uma série de fatores de risco, incluindo contaminação pelo uso ou manuseio de material biológico, fluido ou tecidos, solventes orgânicos, ponteiras e tubos, material pontiagudo ou cortante, além dos mais variados riscos biológicos.
Segundo o Portal Academia de Ciência e Tecnologia, a maior parte dos problemas envolve materiais perfurocortantes, representando entre 80% a 90% dos acidentes. Esse tipo de situação não só coloca em risco os próprios profissionais, como pode diminuir a qualidade do trabalho.
Quais as normas mais importantes?
Para garantir a segurança do trabalho nos laboratórios clínicos, a Anvisa e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criaram padrões e normas de condutas. Conheça as principais delas.
RDC 302/2005
Estabelece a necessidade de um manual de biossegurança para treinar e capacitar sua equipe. Em muitos laboratórios, são utilizados os Procedimentos Operacionais Padrão (POP). Eles têm o objetivo de padronizar condutas do dia a dia, minimizando a ocorrência de erros.
Por meio do manual, devem ser informados aos funcionários os seguintes pontos:
- Condutas e normas de segurança ambiental, biológica, física, química e ocupacional;
- Instruções de uso para equipamentos de proteção;
- O que fazer em caso de acidentes;
- Transporte e manuseio de materiais e amostra biológica.
NBR 14785
Foi criada pela ABNT especificamente para laboratórios clínicos como forma de proteção individual e dos pacientes. De acordo com esta norma, os colaboradores que compõem a equipe devem:
- Ser treinados para interromper qualquer atividade, caso haja risco imediato;
- Identificar e notificar qualquer problema de segurança;
- Providenciar ou recomendar ações que corrijam situações de risco;
- Acompanhar e participar da implementação das ações corretivas.
Para tanto, os laboratórios clínicos precisam investir em um treinamento adequado e contínuo, garantindo a segurança do trabalho de todos. O ambiente de atuação também deve ser projetado pensando na prevenção de riscos de todos os tipos.
Equipamentos de Proteção
Além das normas citadas acima, o Ministério da Saúde obriga os laboratórios clínicos a utilizarem equipamentos de proteção. Eles têm o objetivo de proteger os profissionais do contato com substâncias tóxicas ou irritantes, materiais perfurocortantes, agentes infecciosos, entre outros.
O próprio laboratório deve fornecer os equipamentos, além de cobrar o uso deles pelos funcionários da equipe. Entenda a seguir a diferença entre os tipos de equipamentos de proteção e quais itens devem ser usados.
Quais EPIs e EPCs são necessários?
Ambos os tipos são equipamentos de segurança essenciais para aumentar a segurança do trabalho e reduzir o risco de acidentes. Basicamente, os EPIs são Equipamentos de Proteção Individual, enquanto os EPCs são Equipamentos de Proteção Coletiva.
Os EPIs, portanto, são utensílios individuais para cada trabalhador. Têm a finalidade de proteger a saúde e a vida de cada funcionário. As categorias de Equipamentos de Proteção Individual são:
- Proteção da cabeça: touca, capuz, capacete;
- Proteção dos olhos e do rosto: óculos, viseiras, máscaras;
- Proteção auditiva ou auricular: abafadores, protetores auriculares;
- Proteção respiratória: respirador;
- Proteção do tronco: jalecos, coletes;
- Proteção dos membros superiores: luvas descartáveis, luvas anti-incêndio, braçadeiras;
- Proteção dos membros inferiores: calças, botas etc.
Os EPCs, por sua vez, são materiais fixos ou móveis instalados no local de trabalho. Servem para a proteção coletiva de toda a equipe e empresa. No caso dos laboratórios clínicos, um dos principais exemplos de Equipamentos de Proteção Coletiva são as Cabines de Segurança Biológica (CSB), também conhecidas como capelas de fluxo laminar.
Estas cabines são utilizadas para proteção do ambiente, além do próprio profissional. Também existem equipamentos que protegem o produto que está sendo manipulado, evitando possíveis contaminações. Outros dois itens importantes nos laboratórios são o kit de primeiros socorros (necessário para pequenos ferimentos) e o kit de desinfecção (para acidentes com materiais biológicos).
Outros exemplos de EPCs seriam: barreiras de proteção de diversos tipos; corrimão; piso antiderrapante, incluindo degraus de escadas; fitas e outros materiais sinalizadores.
O que fazer em caso de acidente?
De acordo com o Ministério do Trabalho, qualquer acidente deve ser registrado em formulários para que os procedimentos legais e de segurança possam ser executados. Nem sempre as notificações acontecem, por isso, é fundamental criar essa cultura de cuidado e de prevenção dentro dos laboratórios.
Em caso de acidente em laboratórios clínicos, o responsável deve acionar os procedimentos adequados para que as medidas sejam tomadas em até 24h. Todos os envolvidos devem passar por exames de sangue e testes sorológicos.
É impressionante como estamos expostos a riscos mesmo sem perceber, não é mesmo? O mais importante é nunca esquecer que a saúde e a integridade física da equipe vêm em primeiro lugar.
Sem as práticas adequadas de segurança do trabalho, os laboratórios clínicos podem ter graves problemas que até mesmo inviabilizariam a empresa de continuar operando. Por isso, um pouco de cuidado nunca é demais.